O desfile escolar em homenagem ao Dia da Raça é uma tradição no Pará
celebrada desde 1949, em alusão a Semana da Pátria, quando se comemora a
Independência do Brasil. A comemoração, que inicialmente acontecia no
dia 5 de setembro, passou a ser realizada desde 2011 no primeiro domingo
de setembro. Cerca de 45 bandas escolares, entre musicais, marciais e
fanfarras são esperadas para o desfile e para fazer jus a data muitas
delas ensaiam o ano inteiro.
Com mais de 30 anos de
formação, a banda da Escola Estadual Souza Franco é uma das mais
tradicionais de Belém. O Dia da Raça é o ápice do calendário musical da
banda, que também se apresenta nas comemorações do Círio de Nazaré,
abertura de jogos estudantis, eventos acadêmicos e seminários em todo o
estado. O ano para os mais de 60 músicos só encerra após a Tocata de
Natal, evento que celebra as festas natalinas dentro da comunidade
escolar.
Os ensaios para o desfile da Semana da
Pátria começaram no dia 3 de março e até o mês de junho eram realizados
três vezes por semana. A partir do mês de agosto os trabalhos se
intensificaram e os ensaios do corpo musical e comissão de frente
passaram a acontecer de segunda a sábado. Segundo o regente auxiliar,
Ailson Barbosa, que há 12 anos ajuda a coordenar os ensaios da banda, o
esforço diário se justifica pelo fato do Dia da Raça ser comemorado
apenas no Pará. “É uma data regional que comemora a Independência e que
só aqui é celebrada. É uma forma de manter viva a nossa tradição, além
de plantar uma cultura paz dentro das escolas através da musica”,
afirma.
A Escola Estadual Vilhena Alves também
conhece muito bem o significado da palavra dedicação. A banda é
considerada marcial, pois possui instrumentos de percussão e de sopro
(metais) e está entre as principais do desfile do Dia da Raça, que este
ano será no dia 2 de setembro. O regente Gladson de Oliveira, além de
reger a banda da Escola Vilhena Alves, trabalha com as bandas de mais
outras três escolas estaduais, Deodoro de Mendonça, Paulo Maranhão e
Barão de Igarapé-Miri.
Em Icoaraci, a banda da
Escola Estadual Teodora Bentes fez da música uma forma de inclusão
social. Dos 46 alunos que compõem a banda, pelo menos 10 são portadores
de necessidades especiais. Segundo a professora de educação especial,
Kátia Nabor, a banda musical também pôs fim a rivalidade entre duas
escolas do distrito. “Sempre existiu essa rivalidade entre as bandas das
escolas. Resolvemos então unir as duas bandas, da Teodora Bentes e da
Coronel Sarmento. Hoje a banda é composta por músicos de ambas, além de
pessoas da comunidade também”, explica.
Em
Icoaraci, alguns ensaios acontecem na Praça Matriz. Foi numa dessas
tarde que o adolescente Sérgio Galvão, de 12 anos, se apaixonou pela
música. Observando as irmãs no ensaio da banda escolar, não teve
dúvidas. “Pedi ao professor para começar a ensaiar. Gostei da flauta
transversal e hoje sei ler partituras e não fico mais nervoso nas
apresentações”, comemora.
O amigo, Anderson Amaro,
também tem 12 anos, mas começou na música ainda criança, com oito anos. O
pai é o regente da banda e apesar do início ter sido bastante difícil,
hoje o jovem domina com desenvoltura o instrumento de sopro. “Eu ficava
emocionado ao ver os outros tocando, principalmente no Dia da Raça, que
era o dia mais importante para a escola. Quando comecei achei difícil,
mas hoje quero aprender mais e mais. Quero ser um músico profissional”,
planeja.
Este ano o desfile cívico em homenagem ao
Dia da Raça acontece no dia 2 de setembro, na avenida Presidente
Vargas. Além do desfile oficial das bandas e os eventos diversos para os
quais as bandas escolares são convidadas, hoje no Pará existem oito
competições voltadas para a valorização desses grupos, sendo a principal
delas o Campeonato Paraense de Bandas e Fanfarras, promovido pela
Associação Musical da Amazônia.
Grifos de Léa Paraense Serra
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